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Profissionalismo e acolhimento favorecem a construção de vínculos e amizades na Santa Casa

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" Ela me mandava mensagem pra eu não me sentir sozinha, perguntava se eu precisava de alguma coisa. Ela visitava o isolamento sem medo, conversava comigo,me dava uma palavra de conforto e isso se tornou os dias mais leves,ela se tornou a nossa família no hospital, já que eu não poderia ter contato com a minha família, não tinha visitas, não podia sair".


O depoimento é de Flávia Santos, mãe de Vitória, paciente diagnosticada com Covid em 2020 na Santa Casa do Pará, ainda no início da pandemia. Ela conta sobre o apoio que recebeu da enfermeira Sabrina Almeida, que atua na enfermaria de pediatria da Santa Casa. Um suporte profissional e humano que se transformou em uma relação de confiança que as duas pretendem levar para a vida toda.

" E então nossa amizade se construiu assim. A forma dela, profissional exemplar de ser, fez com que eu criasse um carinho muito grande que ia além da Sabrina profissional, pois a Sabrina ser humano, é uma pessoa incrível!", conta Flávia


De acordo com a psicóloga Yasmim Farias, os seres humanos precisam estabelecer relações uns com os outros para sobreviver e a amizade é uma das relações interpessoais que constroem ao longo da vida.


 " A amizade compreende o compartilhamento de vivências, aprendizados, intimidades e afetos. Ela se fortalece ao longo do tempo de interação de duas pessoas ou mais e pode sobreviver por longos anos, com rupturas e rearranjos. Ela é especialmente importante na infância e adolescência dentro do relacionamento entre pares, construção de valores próprios e contato com outras etnias e culturas, mas é imprescindível em qualquer fase da vida, principalmente na velhice, quando vivemos vários lutos e perdas", afirma.


Foi compartilhando vivências que outra amizade nascida da relação profissional na Santa Casa se fortaleceu. Em 2008, ao atender um paciente, a terapeuta ocupacional Clévia Dantas conheceu Maria do Socorro Lopes que acompanhava o irmão durante a internação. Depois da alta do paciente, a convite de Clévia, que na época coordenava o Comitê de Humanização da Santa Casa, Maria do Socorro passou a integrar o comitê, e o que começou com uma orientação profissional acabou virando uma amizade que dura até hoje e ultrapassa os muros da instituição.


"É uma amizade que nasceu do respeito que ela tinha e tem pela instituição e pelas pessoas. Ela foi membro do Comitê de Humanização e hoje permanece como voluntária e a nossa convivência e afinidade com o trabalho de humanização nos fez amigas, pela questão da solidariedade, do voluntariado e respeito ao próximo. Valores que nós compartilhamos e que acabou fazendo com que a gente ficasse muita amiga", conta Clévia.

Para a psicóloga Yasmin Farias, a amizade entre profissionais e pacientes dentro do contexto hospitalar Ã© uma experiência que requer respeito mútuo, profissionalismo e ética.

" Ressalto que esse tipo de amizade pode fortalecer a confiança do paciente e sua família com a equipe, promover a comunicação e esclarecimento de dúvidas sobre o tratamento e diagnóstico, além de facilitar o cuidado em saúde e promover a adesão ao tratamento. Ela tem potencial de deixar o trabalho do profissional mais leve, sabendo que quem é cuidado vê nele uma figura de admiração e segurança, deixando o relacionamento menos hierárquico e mais horizontal. O paciente deixa de ser mais um número de leito e passa a ter suas particularidades e individualidades, o que é preconizado no atendimento humanizado que é diretriz do SUS", explica Yasmin.


Outra forma de amizade que pode surgir no ambiente hospitalar está relacionada a convivência entre acompanhantes ou pacientes que precisam ficar longos períodos juntos em um mesmo espaço, como o que aconteceu com Sabrina Lima e Raimunda Reis, mães dos pacientes Álvaro, de 3 anos e Wallace,de 8 anos, ambos em tratamento no serviço de terapia renal substitutiva pediátrica da Santa Casa. Incansáveis nos cuidados com as crianças, elas fizeram da amizade um suporte para enfrentar os desafios diários do tratamento dos filhos.

" Eu percebo que o que ela pode fazer para ajudar, ela faz por mim, e eu também por ela. Por conta do tratamento dos nossos filhos, nós temos muitos objetivos em comum, e a nossa amizade permanece, e temos fé em Deus que sempre permanecerá. Em nome de Jesus, logo, logo, os dois vão transplantar e eu até falei pra ela que quando isso acontecer, eu quero levar ela lá no meu interior, na fazenda do avô do Álvaro e ela disse que vai", diz Sabrina Lima, cheia de esperança.


E as amizades podem contribuir com a saúde das pessoas em vários aspectos, como ressalta a psicóloga Yasmin Farias.


"Uma rede de apoio sólida promove o fortalecimento de aspectos emocionais e comportamentais do sujeito, ou seja, nossas amizades modelam nosso comportamento e a forma como nos sentimos em determinadas experiências. As amizades podem, potencialmente, na hospitalização e no adoecimento, promover bons hábitos de cuidado, como alimentação, sono, uso de medicamentos, facilitar o entendimento de diagnósticos e a adesão ao tratamento, ensinar caminhos possíveis para a garantia de direitos de saúde", conclui.


Data de Publicação: 2025-07-24 11:48:40